terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Hoje o dia está bom pra... Mandiopã

Quem lembra?

Hoje, saindo do trabalho sem muito tempo a caminho da manicure, fiz parada numa padaria, a procura de um lanchinho rápido. As prateleiras só me ofereciam aqueles salgadinhos batidos da Elma Chips, nenhuma novidade. Tudo porcaria, fato. Mas era só pra enganar a fome – que era muita. E eis que de repente, não mais que de repente, da prateleira do lado, uma caixinha diferente, um pouco tímida, meio retrô, me xaveca: Mandiopã. Aham, no que pensei: “esse nome me é familiar”. Num insight misturado com o delírio que a fome já estava me causando, lembrei da minha infância e, de um modo bem remoto, aquilo me trouxe boas sensações. E, como o que não mata, engorda, mais que rapidamente passei a mão na caixinha ávida pela minha preferência.

Já no salão, peguei de lado a bolsa e, como quem vai tirar algo proibido ou vergonhoso dali de dentro (ou mesmo apenas como uma fera faminta que não quer dividir a presa), abri a caixinha de Mandiopã, mantendo-a protegida dentro da bolsa. Lá vai um, lá vão dois e até que lá pelo décimo salgadinho eu comecei a achar que 1) ou eu não conhecia Mandiopã ou 2) o chamado da embalagem “quem conhece não esquece seu sabor!!!” era propaganda enganosa. Aquilo ali era bem diferente de qualquer coisa que eu já tivesse provado na vida e o pior de tudo é que era muito ruim. Não é possível – eu pensei – será que esse treco tá no prazo de validade? Até parecia que haviam reembalado os estoques de 1954. Quando virei a caixinha pra dar uma segunda olhada, eu vi escrito, no verso: “fácil de fazer... gostoso de comer” (é, cheio dos slogans, sim - embalagem de gosto duvidoso, bem estilo anos 80!). Bom... se tinha que fazer alguma coisa, eu tinha pulado essa parte. Pois eu só fazia era comer os mandiopãs. E, diga-se de passagem, o apressado come cru.

Enfim, quando percebi minha gafe, primeiro eu olhei pros lados, pra ver se as pessoas em volta me olhavam com cara de “o que essa louca tá fazendo?”, mas pra minha sorte, uma tava entretida com a revista e as outras bem focadas no corte que o cabeleireiro fazia na cliente. Como se nada tivesse acontecido, fechei a caixinha e enfiei de novo pra dentro da bolsa semi-aberta. E fiquei com fome. E com a louca vontade – e eu diria que até necessidade – de chegar logo em casa pra fritar aquele bendito Mandiopã e conferir se de fato “ele voltou e ainda faz crooock!!!” (mais um slogan impresso na caixinha).

Chegando em casa, frigideira, óleo quente, escumadeira e papel absorvente, lá vamos nós! E assim que o óleo começou a estalar na frigideira, fui jogando, aos poucos, os mandiopãs. Aquilo parecia mágica! Em poucos segundos, eles estouravam e se abriam como brancas pétalas de mandioca. E aí, só então nessa hora, é que eu de fato me lembrei do que era o Mandiopã. E, quando meti o primeiro naco na boca, aí sim eu tive certeza de que o troço era muito mais legal do que gostoso. E o mais importante: que tinha que ser criança pra gostar. Mesmo assim eu comi o equivalente a um pote de sorvete cheio – apenas metade do pacote, que foi o que fritei – mas confesso que os últimos eu preferi recusar, assim que percebi que meus lábios passaram a colar um no outro pelo excesso de óleo e goma na qual aquelas pétalas crocantes se transformavam dentro da boca. Ah, é, super saudável e nutritivo... Resultado: curti a nostalgia, mas não matei a fome. Só a vontade de comer. Pelo menos pelas próximas duas décadas!