terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Hoje o dia está bom pra... Mandiopã

Quem lembra?

Hoje, saindo do trabalho sem muito tempo a caminho da manicure, fiz parada numa padaria, a procura de um lanchinho rápido. As prateleiras só me ofereciam aqueles salgadinhos batidos da Elma Chips, nenhuma novidade. Tudo porcaria, fato. Mas era só pra enganar a fome – que era muita. E eis que de repente, não mais que de repente, da prateleira do lado, uma caixinha diferente, um pouco tímida, meio retrô, me xaveca: Mandiopã. Aham, no que pensei: “esse nome me é familiar”. Num insight misturado com o delírio que a fome já estava me causando, lembrei da minha infância e, de um modo bem remoto, aquilo me trouxe boas sensações. E, como o que não mata, engorda, mais que rapidamente passei a mão na caixinha ávida pela minha preferência.

Já no salão, peguei de lado a bolsa e, como quem vai tirar algo proibido ou vergonhoso dali de dentro (ou mesmo apenas como uma fera faminta que não quer dividir a presa), abri a caixinha de Mandiopã, mantendo-a protegida dentro da bolsa. Lá vai um, lá vão dois e até que lá pelo décimo salgadinho eu comecei a achar que 1) ou eu não conhecia Mandiopã ou 2) o chamado da embalagem “quem conhece não esquece seu sabor!!!” era propaganda enganosa. Aquilo ali era bem diferente de qualquer coisa que eu já tivesse provado na vida e o pior de tudo é que era muito ruim. Não é possível – eu pensei – será que esse treco tá no prazo de validade? Até parecia que haviam reembalado os estoques de 1954. Quando virei a caixinha pra dar uma segunda olhada, eu vi escrito, no verso: “fácil de fazer... gostoso de comer” (é, cheio dos slogans, sim - embalagem de gosto duvidoso, bem estilo anos 80!). Bom... se tinha que fazer alguma coisa, eu tinha pulado essa parte. Pois eu só fazia era comer os mandiopãs. E, diga-se de passagem, o apressado come cru.

Enfim, quando percebi minha gafe, primeiro eu olhei pros lados, pra ver se as pessoas em volta me olhavam com cara de “o que essa louca tá fazendo?”, mas pra minha sorte, uma tava entretida com a revista e as outras bem focadas no corte que o cabeleireiro fazia na cliente. Como se nada tivesse acontecido, fechei a caixinha e enfiei de novo pra dentro da bolsa semi-aberta. E fiquei com fome. E com a louca vontade – e eu diria que até necessidade – de chegar logo em casa pra fritar aquele bendito Mandiopã e conferir se de fato “ele voltou e ainda faz crooock!!!” (mais um slogan impresso na caixinha).

Chegando em casa, frigideira, óleo quente, escumadeira e papel absorvente, lá vamos nós! E assim que o óleo começou a estalar na frigideira, fui jogando, aos poucos, os mandiopãs. Aquilo parecia mágica! Em poucos segundos, eles estouravam e se abriam como brancas pétalas de mandioca. E aí, só então nessa hora, é que eu de fato me lembrei do que era o Mandiopã. E, quando meti o primeiro naco na boca, aí sim eu tive certeza de que o troço era muito mais legal do que gostoso. E o mais importante: que tinha que ser criança pra gostar. Mesmo assim eu comi o equivalente a um pote de sorvete cheio – apenas metade do pacote, que foi o que fritei – mas confesso que os últimos eu preferi recusar, assim que percebi que meus lábios passaram a colar um no outro pelo excesso de óleo e goma na qual aquelas pétalas crocantes se transformavam dentro da boca. Ah, é, super saudável e nutritivo... Resultado: curti a nostalgia, mas não matei a fome. Só a vontade de comer. Pelo menos pelas próximas duas décadas!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Hoje o dia está bom pra... ki-suco com pipoca!

Hoje é dia de pagamento. Isso significa que temos o privilégio de encerrar o expediente às 13h30' e partir pro banco, pagar as contas. Ou pra casa, pra praia, pro médico, supermercado... fica a critério de cada um.
Eu combinei com as meninas do trabalho de irmos juntas pra casa de uma delas e fazer uma tarde de "ki-suco com pipoca". Uma brincadeira antiga nossa, que quer dizer, em outras palavras, "programão pra sexta à noite, coisa de gente desanimada". Mas que no nosso caso, acabou virando motivo real de muita diversão!
Pra começar que não tem nada melhor do que estar perto de quem você gosta e poder rir à vontade, falar bobagem sem censura, assistir filme na TV com mordomia de cinema, mas podendo falar alto, comentar e pausar quando quiser pra ir ali estourar mais uma pipoquinha de panela e preparar mais um ki-suco fresquinho!
E além disso, às vezes faz muito bem dar um desacelerada: esquecer compromisso, trabalho, louça suja na pia, pilha de papel pra organizar, cama por fazer, e tudo o mais que prende a gente num mundinho tão medíocre de ações repetitivas e sem sentido. Essenciais? Sim, concordo. Mas tanto quanto dar uma paradinha pra curtir as coisas simples da vida, numa tarde sensacional de puro prazer e "à toície"!

domingo, 10 de julho de 2011

Hoje o dia está bom pra... uma nova receita de brownie!

É engraçado como a culinária é uma mistura perfeita entre arte e ciência exata. É arte sim, porque requer talento, feeling e inspiração. Mas é também ciência, já que tudo não passa de um conjunto – complexo, diga-se de passagem – de reações químicas.

Eu não posso dizer que domino a faculdade da culinária, mas creio que a minha alma de artista esforçada e meu parco conhecimento de química, juntos, consigam ser capazes de produzir umas receitas até maneirinhas.

Hoje foi um brownie. Cismei que queria-fazer-e-pronto-acabou. Tinha a receita, mas os ingredientes eu só fui verificar que faltavam depois de quebrados os ovos e do leite derramado. O jeito era fazer com o que tinha em casa mesmo... se tava faltando ingrediente, ia ter que sobrar imaginação – e técnica, claro.

Lei de Lavoisier: Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se... copia.


Então confesso que me baseei, sim, numa receita que alguém inventou, antes de mim. Deve funcionar, mas ainda não tive a chance de testar:

- 1 xíc. (chá) de farinha de trigo;
- 2 xíc. (chá) de Nescau;
- 1 xíc. (chá) de açúcar refinado;
- 3 ovos;
- 1 colher (sopa) bem cheia de manteiga;
- 1 xíc. (café) de leite;
- nozes, castanhas e avelãs picadas;
- 1 colher (sopa) de fermento em pó.


Modo de fazer: misturar muito bem a farinha, o Nescau, o açúcar, os ovos e a manteiga. Acrescentar o leite e misturar bem. Adicionar as castanhas picadas e por último o fermento. Assar em forma média retangular, untada e polvilhada com farinha de trigo, a 180 graus, por aproximadamente 30 min.

Modo como eu fiz:
Ok, a minha receita é simples e consiste, basicamente, na técnica da substituição e na arte do bom senso. Mudei só alguns (pequenos) detalhes:

No lugar da farinha de trigo usei a FSG – farinha sem glúten, da Aminna, à base de farinha de arroz, fécula de batata e fécula de mandioca. É uma alternativa sem glúten à farinha de trigo. Nescau não tinha... e vamos combinar que o chocolate em pó do Padre é bem mais gostoso e deixa o brownie bem mais pretinho, então achei uma boa idéia usá-lo pra substituir. Detalhe, eu só tinha suficiente pra encher 1 xícara. Então a segunda xícara de Nescau eu troquei por uma xícara de... ovos de páscoa quebrados (reciclagem, minha gente). Como o ovo de páscoa que eu usei era o Ferrero Rocher, tinha até uns pedacinhos de avelãs que ajudaram a dar mais gostosura ainda pro bolo. Derreti em banho-maria, pra incorporar melhor à massa. Açúcar refinado eu não gosto não... aqui em casa só compro demerara, que é mais saudável. O demerara é um um tipo de açúcar cristal, mas mais escuro porque não sofre processo de branqueamento. Seus valores nutricionais são similares ao do açúcar mascavo. Já o refinado recebe adição de gás sulfídrico e outras substâncias químicas para ficar claro. Nesse processo, o açúcar refinado perde vitaminas e sais minerais. Então, tome demerara! Ovos, eu só tinha dois, e a receita pedia três. Então compensei na manteiga. Ao invés de 1 colher cheia, usei duas. Devo dizer que além de ingredientes, também não possuo certos utensílios de cozinha. Então para 1 xícara (café) eu medi 100 mL de leite (1 colher de leite em pó, diluído em água). Usei castanhas do pará e nozes picadas. Também usei alguns cookies sem glúten, sabor chocolate, quebrados (olha a reciclagem de novo). Por fim, 1 colher de fermento em pó, como manda a receita original (ufa, ao menos isso!)

Assei por meia hora a 180 graus, numa forma de teflon retangular, tamanho médio, sem untar.

Como diria a dona gaúcha da Cantina onde eu almoço: “Ficou ma-ra-vi-lho-so, muuuito saudável e fui EU que fiz!”

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Hoje o dia está bom pra... olhar pra dentro

Até os meus sete anos
A lua era enorme
Branca, branca, branca
E de um brilho sem limites.
Eu era míope e não sabia.
Naquela noite, quando pela primeira vez
Voltei pra casa com um par de óculos na cara
Depois de passar o dia reaprendendo
A ver o mundo
Eu quis ir à janela olhar a lua:
Decepção total.


Mas enfim, acabei me acostumando... até que agora, após 16 anos de lentes de contato, o oftalmologista me recomendou fazer novamente uns óculos, pra dar descanso aos olhos.

Usar óculos, dos sete aos 12 anos, foi uma experiência paradoxal pra mim. Se por um lado eu dependia deles pra saber onde eu estava pisando, por outro, eles me eram uma barreira que impedia ver o que passava por dentro.

A verdade é que pra mim os óculos sempre foram uma espécie de máscara que me aproximava do mundo, enquanto me afastava de mim mesma.

Quando me apresentaram as lentes de contato, um mundo novo se abriu diante dos meus olhos. Agora eu era completa, livre e finalmente podia ser honesta comigo. Eu podia ver, com perfeição, sem necessitar de um estorvo que não se encaixava em mim.

Ao contrário dos óculos rígidos, de lentes duras, de vidro quebradiço e de efeito disforme, as lentes de contato são flexíveis, acompanham os olhos, ampliam o campo de visão e mostram um mundo muito mais interessante. E eu também acabei por me acostumar com isso.

Voltar aos óculos é um tipo de ensaio sobre auto-conhecimento: uma forma de me enxergar imperfeita, limitada, dependente. É aceitar que sou tudo isso, mas que para me ver íntegra, liberta e franca basta mudar o foco. É tudo uma questão de ponto de vista.

Então agora eu me alterno entre as lentes e os óculos, e exercito a aceitação. Pratico a ciência de mim mesma, descubro o que sou, o que quero ser, o que não quero mais. Embora ainda, algumas vezes, eu prefira apenas abrir os olhos, sem lentes, sem óculos... e olhar pra lua.

sábado, 4 de junho de 2011

Hoje o dia está bom pra... Palavras-Chaves

Chamo de Palavras-Chaves aquelas coisas que a gente diz no momento errado e no local inoportuno, principalmente em momentos de silêncio e em locais onde seja impossível disfarçar ou sair de fininho, evitando maiores constrangimentos. Isso lembra alguma coisa? Sim, o Chaves é um mestre nessa arte, e foi nele mesmo que me inspirei pra dar nome aos micos ou gafes que a todo instante gente de todo o mundo solta por aí.

O curioso é que, muitas vezes, as Palavras-Chaves não têm algum significado relevante ou a menor intenção de causar embaraços. São livres de qualquer malícia. Mas o contexto pode tornar um simples comentário, em ocasião infeliz, numa pérola memorável.

Creio que alguns ambientes favoreçam a transformação de palavrinhas inocentes em Palavras-Chaves. Um bom exemplo disso era o ICEX – Instituto de Ciências Exatas – da UFMG, cujo próprio nome já era motivo para piadinhas e trocadilhos por parte dos garotos que só conseguiam “pensar naquilo” (natural, considerando que os universitários sub-20 que freqüentavam o ICEX deviam estar no auge hormonal). De fato, os corredores e salas do ICEX exalavam cheiro de homem, uma mistura de suor e hormônios – mais suor, eu acho, porque às vezes não era um cheiro lá muito bom – isso devido à alta concentração deles: estudantes de engenharia no ciclo básico. E entre eles, havia nós, as meninas, que, mesmo sem querer, chamávamos atenção em meio aos marmanjos ávidos por uma brecha pra emanar suas hi-lá-ri-as piadinhas e trocadilhos... Por isso, todo cuidado era pouco e cada palavra devia ser cuidadosamente medida antes de sair boca afora. Mas... às vezes era inevitável. E não podemos culpar apenas a mente poluída dos garotos. Algumas Palavras-Chaves parecem estar predestinadas à notoriedade.

A seguir, transcrevo algumas das pérolas mais famosas do ICEX:

1) “Qual é mesmo seu nome? Só consigo me lembrar do pinto”
Proferida por: mim
Condições: segundo dia de aula de física experimental, na turma de mecânica, em que eu era o único exemplar feminino do recinto; em voz alta e no exato instante em que todos os meninos tinham calado a boca.
Contexto: o colega ao qual foi direcionada a pergunta era minha dupla de bancada e se chamava “Fulano de Tal da Silva Pinto” e eu precisava de seu nome completo para pôr no relatório da aula.
Desfecho: ninguém riu, tamanho foi o constrangimento, inclusive para os meninos; até que o simpático colega disse seu nome completo em voz alta, dando ênfase no Pinto.

2) “O cabelo de baixo é sempre pior que o de cima”
Proferida por: uma colega que, obviamente, prefere não ser identificada.
Condições: sentadas em roda, no corredor, durante uma partida de buraco, e no exato momento em que um colega saiu da sala e passou por nós.
Contexto: discutíamos efusivamente se os fiozinhos que nascem na nuca, por baixo dos cabelos – aqueles fiozinhos que ficam soltos quando você prende um rabo de cavalo – seriam melhores ou piores que os fios de cima do cabelo, expostos às intempéries.
Desfecho: não chegamos a alguma conclusão; ao perceber a gafe, rimos bastante, juntamos o baralho e voltamos pra aula; o garoto, coitado, até hoje deve se lembrar das meninas insanas que matavam aula pra discutir intimidades em público.

Palavras-Chaves são ditas por aí, a todo momento... você deve se lembrar de alguma!

sábado, 28 de maio de 2011

Hoje o dia está bom pra... o verdadeiro strogonoff

Na época do colégio, as aulas de educação física jamais me despertaram algum interesse, a não ser na 7ª série. Naquele ano, a escola determinou que teríamos aulas nas manhãs de quinta-feira, para não tomar o horário das disciplinas na parte da tarde. E então era assim: a quinta-feira era o dia mais esperado da semana. Mas não se engane, meu interesse tinha início quando a aula de educação física terminava. Depois da inconveniente atividade obrigatória seguíamos ansiosos – meu irmão, na época com 10 anos, e eu – para o Pichita Lanna, restaurante italiano na Savassi que atendia grandes empresários da região, homens de negócios e suas distintas senhoras. E que, nos almoços de quinta-feira, tinha também o privilégio de receber meu irmão e eu – crianças famintas e suadas – que destoávamos um pouco do conjunto, mas sabíamos nos comportar direitinho à mesa, assim como mamãe ensinou.

E foi o Pichita que me apresentou o que até hoje eu tenho como referência de um strogonoff perfeito. Tão perfeito que, enquanto meu irmão semanalmente se revezava em filé à parmegiana, arroz à piemontesa, spaghetti à carbonara, eu nunca experimentei outro prato que não fosse o sagrado strogonoff de filé mignon. Há alguns anos que fui almoçar no Pichita pela última vez (acho que foi em 2006, para me inspirar no dia da prova de seleção do mestrado) mas a qualquer tempo, posso fechar os olhos e consigo sentir o sabor daquele strogonoff, inigualável.

Então, de uns tempos pra cá, passei a perseguir a receita do verdadeiro strogonoff, cuja origem é a culinária russa, adaptada pelos franceses, e perfeitamente executada pelos italianos (Pichita Lanna que o diga!) mas que já foi tão modificada e reinventada pelo mundo afora que é bem difícil encontrar a original. O carioca Chico Junior, que se auto-define como ‘jornalista, viajante e cozinheiro’, conta no seu blog, de forma muito interessante, a história do strogonoff. E dá também algumas receitas.

Bom, eu cozinhei – e experimentei – a maioria das receitas tidas como “verdadeiras” até chegar a uma que mais se aproximasse do meu referencial, embora ainda assim o strogonoff do Pichita permaneça no topo da experiência de um bom strogonoff. Devo dizer que sou cheia de frescura e bem mais radical que o Chico quando o assunto é strogonoff. Não me venha com strogonoff de frango ou com receita que leve molho de tomate ou – a morte – ketchup. Milho e palmito, por favor, use num pastel ou empadão, no meu strogonoff não. Não preciso falar o que penso das azeitonas, né? Ok. Em compensação, acho perfeitamente aceitável usar creme de leite em lata no lugar do creme de leite azedo. Ou mesmo usar champignons em conserva no lugar dos frescos. Afinal, de azeda e fresco já bastam eu e meu strogonoff.

O que percebi é que o mais importante em uma boa receita de strogonoff, além da escolha dos ingredientes, são as dicas que vão junto das instruções. Por isso, a minha receita, que é na verdade um apanhado de outras tantas, vai cheinha de dicas. Bon appetit!

Strogonoff Pichita Lila
- 1 kg de filé mignon
- Páprica doce, sal e pimenta do reino moída na hora, a gosto
- 1 cebola grande
- 4 colheres de manteiga
- ½ xícara de vinho branco
- 1 tablete de caldo de carne dissolvido em 1 ½ xícara de água fervente
- 350 g de champignons inteiros
- 3 latas de creme de leite

Como fazer
O filé deve ser cortado em cubinhos pequenos. Dica: vale a pena procurar um bom açougue. Eu vou a um que mais parece uma boutique de carnes de tão limpo e caprichado que é o atendimento. Os moços me avisam no dia que chegam as peças de filé, fresquinhas, e eu peço pra reservar. Quando eu chego pra buscar eles me mostram o filé pra ver se está do meu gosto, limpam, pesam e picam em cubinhos de exatos 1,5 cm. E ainda empacotam em saquinhos separados o excedente do que vou utilizar na receita, etiquetando com o peso, pra eu poder congelar e usar em outra ocasião. O kg do filé nem é tão mais caro que nos outros lugares. O que eu pago a mais compensa pelo serviço de primeira.

Tempere a carne com o sal, a pimenta e a páprica. Misture bem para incorporar à carne os temperos. Dica: sal e pimenta são essenciais, mas são perigosos e podem comprometer a receita. Use com moderação. Em caso de dúvida, não peque pelo excesso, use menos nesta fase e deixe para acertar o tempero no final. Não esqueça que ainda vamos usar caldo de carne que já é bem salgado. Se você nem faz idéia do quanto usar de temperos, comece com 1 colher de chá de sal, 1 colher de cafezinho de pimenta e 3 colheres de chá de páprica.

Derreta duas colheres de manteiga em uma frigideira grande e vá fritando a carne, aos poucos, em fogo alto, sem deixar juntar suco. Dica: a carne deve fritar e não cozinhar! O filé, se cozido, perde a água e fica duro. Para não juntar suco, frite aos poucos os cubinhos por no máximo 3 minutos em fogo alto e vá retirando a carne à medida que for fritando. Reserve a carne, à parte, e utilize a panela “suja” para a próxima etapa.

Coloque na frigideira a manteiga restante e doure a cebola, até que fique bem macia e transparente. Dica: a cebola deve ser ralada ou picada bem fininha, quase invisível. Ela é a base do caldo, dá sabor e encorpa. Adicione o vinho e o caldo de carne. Deixe ferver e evaporar um pouco, para engrossar. O caldo deve reduzir até ficar espesso, quase um creme.

Se for usar champignons em conserva, drene todo o líquido antes de usá-los. No caso de champignons frescos, é preciso dar uma fervura para amaciá-los um pouco. Corte os champignons em quatro partes e adicione ao caldo, juntamente com a carne.

Em seguida incorpore delicadamente o creme de leite sem soro, aos poucos, e em quantidade suficiente. Dica: para retirar o soro do creme de leite, deixe a lata na geladeira por 4 horas. Em seguida, vire a lata, faça dois furos no fundo e escorra o soro. O ideal mesmo é que se use o creme de leite fresco, mas se não for possível, é importante dar preferência para o creme de leite em lata, pois o sabor e a textura são completamente diferentes do creme de leite em caixinha. Eu uso sempre duas lata inteiras e a terceira vou adicionando aos poucos, até chegar no ponto, mais ou menos cremoso, conforme o gosto do freguês. Para quem gosta de um molho menos espesso, aconselho ao invés de uma terceira lata de creme de leite, acertar a textura com o creme de leite em caixinha, que é menos encorpado e de sabor mais suave.

Verifique o sal e acerte o tempero, se necessário. Retire do fogo antes de ferver. Sirva a seguir, com arroz branco e batata palha. Dica: até a batata palha é importante! Nada substitui uma batata palha feita em casa, frita na hora e bem sequinha. Mas como é muito complicado fazer uma boa batata palha (mais difícil que o próprio strogonoff, eu diria), uso sempre a batata da Yoki – Premium Extra Fina, da embalagem dourada. Faz toooda a diferença. Experimente e nunca mais você aceitará outra batata palha pra acompanhar um strogonoff tão especial.

Rendimento: 6 a 8 pessoas, dependendo da fome - e da vontade de comer.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Hoje o dia está bom pra... cultivar meu amor pelas plantas (embora a recíproca não seja verdadeira...)

Adoro plantas! Mas acho que elas não gostam muito de mim... Pelo menos é o que parece... Eu me esforço, dou cuidado, carinho e até converso com elas (dizem que é bom, né?), mas no fim elas sempre morrem. Houve uma época que eu só tinha cactos. Eles são mais fáceis de cuidar e pouco exigentes. Você pode se esquecer de regar uns dias que eles nem notam. Sim, às vezes eu esqueço mesmo... Mas sinceramente não sei se meu erro é a falta ou excesso de zelo – porque já matei algumas plantas afogadas de tanta rega –, se é o tipo de terra que uso, se é o lugar da casa em que deixo (feng shui), se é por muita ou por pouca luz, por sol demais ou de menos. O fato é que cuidar de plantas não é o meu forte. E quanta falta faz uma planta verdinha em casa, né?

Bom, com as plantas que eu tenho (ou já tive) aqui em casa, aprendi algumas coisas:

1º) As flores de plástico não morrem. Flores são para os bons. Requer um nível avançado de jeito, coisa que não levo. Pra mim, só as de tecido ou de plástico mesmo. Ou, como têm se vendido por aí, flores “permanentes”, vê se pode!?

2º) Quando a planta quer, ela vive. Eu tenho algumas provas vivas de persistência aqui em casa. Logo que me mudei, comprei umas plantinhas: todas morreram (pois é, não era dessas que eu tava falando...); da segunda leva de plantas, a maioria morreu, mas duas plantinhas sobreviveram. Uma suculenta – que pra conseguir matar é difícil, né? – e uma kalanchoe, que não dá flor, mas tá vivinha da silva. Essas duas já agüentaram 20 dias sem rega, quando viajei de férias. Já agüentaram minhas mudanças de decoração, pulando de um cômodo pra outro da casa. E até já agüentaram mudanças de terra e vaso. Porque cismei que elas enjoam de ficar sempre plantadas no mesmo lugar. Por algum motivo, elas insistem em sobreviver.

3º) Plantas dadas vivem mais e melhor. As plantas que ganhei permanecem vivas e bonitas. A primeira foi um bambu da sorte, que na verdade não é bambu, mas uma dracena. Seja lá o que isso for. Meu bambuzinho gosta de luz, mas não suporta sol direto. E vive só à base de água, mas tem que ser água mineral, pois a água da Sabesp tem cloro. Sim senhor, cheio de frescurinhas, mas compensa, porque ele tá sempre lindo e vive me alegrando com seus novos brotinhos. Ganhei também um planto no meu último aniversário! É o macho da casa (veja foto no fim deste post). Ele se chama Paco Gikovate, é um Pacová muito bonito e de ótimo temperamento. Tá sempre verdinho e radiante. Ele quase não me dá trabalho. Veio num lindo vaso cúbico de vidro, preenchido com cavacos que passaram por tratamento anti-cupim. Coisa chique, bem. Foi me recomendado regar o Paco a cada três dias. Eu levei a sério e até fiz um calendário de rega pra ele, pra todo o ano 2011, onde eu ia riscando cada dia pra não perder as contas. Mas depois de um tempo percebi que ele não gosta muito de regras, prefere assim, umas regas esporádicas. Eu não ouso contrariar...

4º) Il pomodoro è mobile qual piuma al vento. Pé de tomate nasce mais fácil que feijão no algodão molhado. Mas morre num piscar de olhos, de um dia pro outro. Ou mesmo na sua frente. Já presenciei alguns suicídios em que ... pufff... o pezinho de tomate tava em pé e de repente caiu, do nada, e não levantou nunca mais.Tive um que cresceu 35 cm antes de se jogar do vasinho... Outra vez passei um feriadão fora e quando voltei pra casa havia seis novos pezinhos, que sequer foram plantados. Quiseram nascer e pronto. Muito temperamentais esses tomates...

Enfim, só tenho a dizer que as plantas são mesmo seres vivos. Só nunca contaram pra gente que elas têm vontade própria.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Hoje o dia está bom pra... futilidades inevitáveis!

Mais uma vez estou em pânico: passava eu por uma fase tranqüila no vai-e-vem de humor típico do universo feminino, usando o corretivo facial da linha Natura Candeia que a Mi descobriu - e que vinha sendo a minha salvação, pois foi o que melhor substituiu o meu corretivo top perfect #1 (vocês sabem, aquele da linha Natura Unica que até me faz chorar e pelo qual tenho verdadeiros ataques histéricos quando penso que saiu de linha sem mais nem menos) - pois bem... agora o Candeia também me deixou na mão. A Natura tirou de linha e não lançou nada similar no lugar. Desespero para usuárias aflitas que como eu, vêem seus corretivos chegando ao fim sem nada poder fazer e já suam frio só de pensar na crise de abstinência pela qual precisamos passar até encontrar um novo substituto pro nosso vício...

Nessas horas você passa a economizar cada mL da preciosa emulsão... começa a pensar que para ir à padaria domingo de manhã não é tão fundamental assim; é também dispensável para a praia, posto que no primeiro retoque de protetor solar a maquiagem já era! - na ocasião, um par de óculos escuros do tipo máscara panorâmica ajuda a disfarçar, nem que seja para não te reconhecerem por aí. Se for receber alguém em casa, deixa a penumbra da meia luz, não para criar um clima aconchegante, só mesmo para poupar o seu corretivo facial. E por aí vai... mas não basta apenas prevenir. Uma hora o corretivo acaba sem dó nem piedade, e é preciso remediar!

Bom, tão logo eu soube da trágica notícia, fiz como da outra vez, pois a gente acaba ficando escolada: antes de me desesperar, perguntei a todas as pessoas que vendem Natura que conheço se ainda têm um exemplar em estoque... unzinho que seja, nem precisa ser o tom exato da minha pele. Aguardo um "sim" como quem espera o telefone tocar, o ponteiro girar, a porta abrir, a plantinha brotar, enfim... Já avisei às amigas que compartilham do mesmo mal que se eu achar mais de um corretivo desse sobrando por aí eu rifo. Até agora são 40 bilhetes reservados. E já tem fila de espera...

Bom, para quem não tem limite de gastos, já fiz uma pesquisa completa no mercado nacional e internacional e o mais próximo do perfeito que eu achei, e que ainda assim não chega aos pés do Natura Unica, é um da Dior que custou uma bagatela de 150 reais há alguns anos (detalhe - conteúdo da embalagem: 6 mL). É bom! Eu acho que vale a pena, foi um bom investimento para mim... apesar da dorzinha quando penso que o meu preferido custava pouco mais de 20 conto...

Ó vida.... porque esses insensatos não pensam na dependência psicológica que nós meninas, mulheres e senhoras de qualquer idade criamos por esses benditos (ou malditos) itens básicos de maquiagem diária?... É mesmo uma falta de humanidade. Fica aqui meu protesto. Não tentem me consolar.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Hoje o dia está bom pra... conhecer Mario Benedetti

E não por acaso me apaixonar. E não por acaso me deparar - hoje - com o poema que transcrevo a seguir:


Como sempre

“Mesmo que hoje completes
trezentos e trinta e seis meses
a matusalênica idade não se nota quando
na hora em que vencem os cruéis
começas a investigar a alegria do mundo
e muito menos ainda se nota
quando voas gaivotamente sobre as fobias
ou desmontas os intrincados rancores

boa idade para mudar estatutos e horóscopos
para que teu manancial emane amor sem miséria
para que enfrentes o espelho que cobra
e penses que estás linda
e estejas linda

quase não vale a pena desejar-te felicidades
e lealdades
já que vão te rodear como anjos ou veleiros

é óbvio e compreensível
que as maçãs e os jasmins
e os guardadores de carros e os ciclistas
e as filhas dos favelados
e os filhotes extraviados
e as joaninhas
e as caixas de fósforo
te considerem uma dos seus

de modo que desejar-te feliz aniversário
poderia ser injusto com teus felizes
diaversários

lembra-te desta lei da tua vida

se há algum tempo foste desgraçada
isso também ajuda a que hoje se afirme
tua bem-aventurança

de qualquer maneira para ti não é novidade
que o mundo
e eu
te queremos de verdade

mas eu sempre um pouquinho mais que o mundo.”


P.S.: E que velhinho mais lindo...